sábado, setembro 30, 2006

Existo

Quem não conhece a famosa afirmação de Descartes: "Penso, logo existo" ("Cogitum ergo sum")?
Mas talvez poucos saibam que, muitos séculos antes do filósofo francês, já Santo Agostinho afirmara:
" Sou enganado, logo existo" ("Fallor ergo sum").
Não concordo com nenhuma delas.
Talvez com esta: Existo, logo penso, e às vezes engano-me!

Esta frase não se aplica, obviamente, a certos estados fisiopatológicos
em que há disfunção cerebral, mas com preservação das funções vitais,
como é o exemplo do estado vegetativo.

sexta-feira, setembro 29, 2006

Ora nem mais!

quinta-feira, setembro 28, 2006

Acatisia


A acatisia é uma condição psicomotora de inquietação, vontade incontrolável de movimentar-se e sensação interna de tensão, ao ponto do indivíduo não conseguir permanecer parado, sentado ou imóvel.
Hoje, num corredor de hospital, um homem deambulava inquietamente, incessantemente, a poucos metros de mim. E eu, que no momento desconhecia a verdadeira causa daquele comportamento, dirigi-me a ele e pedi-lhe para se acalmar e se sentar numa cadeira ali perto.
O seu olhar fixou-se no meu como pedra. Um olhar duro e triste.
Pouco depois, tudo fez sentido na minha mente e percebi a tortura de um homem cansado de obedecer ao seu próprio corpo.

Bocejando cobardia

Ainda vai havendo um tratamento simples para o soluço rebelde.
Desconfio que o bocejo cobarde exija medidas mais complexas.

segunda-feira, setembro 25, 2006

Os alicerces da mente

"Os Sentimentos de dor ou prazer são os alicerces da mente."
António Damásio in Ao Encontro de Espinosa

Os sentimentos são forças.
O sentimento de dor repulsa-nos e o de prazer atrai-nos.
Em cada dia, experiência e memória vão renovando o contínuo processo dessa aprendizagem: o de expandirmos a nossa mente no sentido da gratificação intrínseca.
Um corpo saudável está automatizado para manter a homeostase. Isso implica frequentes e vitais ajustamentos, simbioses no meio interno e com o externo. Dado que o dualismo Cartesiano - e à luz da neurobiologia - já não tem sustentação científica, será esse todo inseparável - corpo e mente - a percorrer diferentes estados do sentir e do pensar, ao longo da vida.
A nossa mente vai abarcando todo o caudal temporal e espacial da vida que anima.
Sem fortes alicerces, a mente arrisca-se a desabar. O corpo a ruir.

quinta-feira, setembro 21, 2006

Instantes



Instantes

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria mais tolo ainda do que tenho sido; na verdade, bem poucas pessoaslevariam a sério. Seria menos higiênico. Correria mais riscos, viajaria mais, contemplariamais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios. Iria a maislugares onde nunca fui, tomaria mais sorvete e menos lentilha, teria maisproblemas reais e menos imaginários. Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da sua vida. Claro que tive momentos de alegria. Mas, se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos. Porque, se não sabem, disso é feito a vida: só de momentos - não percas o agora. Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas; se voltasse a viver, viajaria mais leve. Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera a continuaria assim até o fim do outono. Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente. Mas, já viram, tenho 85 anos e sei que estou morrendo.

De Nadine Stair - Atribuído a Jorge Luís Borges (1899-1986)

quarta-feira, setembro 20, 2006

Não...

Se errar, assumirei os meus erros com dignidade.
Não me peçam é que abdique de ser eu própria!
Não deixarei de exercitar os meus neurónios,
Nao me impressionarei com teorias,
Não descartarei as improbabilidades,
Não tentarei anestesiar os meus sentidos,
Não embotarei os meus sentimentos,
Não recuarei perante os meus medos,
Não acreditarei que a vida tem regras.
Se acertar, declinarei responsabilidades.

sexta-feira, setembro 15, 2006

Um dia assim...



Porque há aqueles raros dias em que eu também
me comporto assim!

terça-feira, setembro 12, 2006

Uma questão de equações


Nos meus tempos de estudante, a disciplina de matemática nunca me pareceu um "bicho de sete cabeças" ( permitam-me a expressão vulgar e corriqueira para designar coisa que se afigura bastante complexa) e a minha relação com essa ciência até se pautava por bons resultados.
A parte que a minha memória guarda com mais entusiasmo era a das equações matemáticas.
Já lá vão uns bons anos, mas recordo-me perfeitamente de como passava horas a resolvê-las, em plena e devotada concentração; assim que chegasse ao valor da incógnita, confirmava-o indo à página das soluções...e quando acontecia estar errado lá tinha eu que apagar o que tinha feito; o raciocínio era procurar o erro, através da colocação de várias hipóteses para a sua origem e, após a sua detecção, reiniciar nova resolução para aquela equação.

Às vezes, quando a vida me apresenta as suas peculiares equações, ainda me lembro das matemáticas (bem mais lógicas e definidas!). E as primeiras, terão sempre uma solução?

domingo, setembro 10, 2006

Todo o tempo do mundo

Os meus Domingos costumam serem dias sem pressas nem atrasos.
Quebra-se a rotina quotidiana e o dia parece dilatar-se e nele caber todo o tempo do mundo. Inclusive o abençoado e imprescindível tempo de reflexão.
Hoje dei por mim a reflectir sobre a trágica morte da investigadora portuguesa, na Amazónia : http://www.dnoticias.pt/default.aspx?file_id=dn01013206050906.
Notícias como esta cortam-me o peito.
O fio da vida que a unia a este mundo foi cortado de forma abrupta, imprevisível e dolorosa.
As suas investigações e pesquisas ambientais cessaram; e parece-me que faria tanto sentido que tivessem sido concluídas numa tese de doutoramento.
Não houve tempo. O futuro prometido desta jovem não se efectivou e ela não teve todo o tempo do mundo, como merecia ter tido. Mas foi vítima do estado do mundo...

Por certo que agora estará num lugar melhor e terá toda a eternidade...



sexta-feira, setembro 08, 2006

A minha BD


quinta-feira, setembro 07, 2006

A minha fé

A minha fé: em Deus, porque O sinto; em mim própria, porque me conheço; no Ser humano em geral, porque o meu optimismo prevalece sobre a desilusão.

sexta-feira, setembro 01, 2006

O meu céu







O meu céu une-se ao mar, na derradeira linha do horizonte alcançada pela minha visão. Percorro-a com a emoção da contemplação do belo, traçado na perfeita união banhada em reflexos de prata ou raios de ouro.
Olhar o céu onde a vida habita requer a óptica permanentemente refeita da física da luz, perspectiva, profundidade, reflexão e ilusão...mas acrescida de nervos, músculos, sangue e líquor.
Por isso o olhar é tão frágil, sob um céu todo poderoso.