segunda-feira, novembro 27, 2006
São para ti todos os poemas de esperança e de amor que transcrevo para esta tela. São para ti todos os cenários sonoros que me inspiram e me levam aonde nenhum sonho é impossível. São para ti todos os dias e todas a noites em que eu existo.
E se em algum momento, esta breve vida humana de parco sentido se assomar, existirei ainda para ti e por ti.
Indiferente aos ecos da multidão de que já nada temo, oiço a tua voz. Concentro-me nela, na única voz, a tua. Já te disse o quanto ela acaricia e apazigua o meu corpo exaltado pela paixão? Já te disse que é o aconchego, o beijo e o embalo melodioso que me adormece e me faz sonhar, em cada noite deste Outono que te trouxe à minha vida?
Ela transporta-me até ti ou traz-te até mim, já nem sei exactamente em que local nos encontramos. Apenas o quanto me sinto próxima de ti... Capaz de te tocar em cada gesto e em cada olhar lançados na busca de tudo e de nada, na entrega mais pura, mais genuína, mais generosa, de quem ousa te pertencer.
domingo, novembro 26, 2006
Talvez
Talvez não ser,
é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando
o meio dia com uma
flor azul,
sem que caminhes mais tarde
pela névoa e pelos tijolos,
sem essa luz que levas na mão
que, talvez, outros não verão dourada,
que talvez ninguém soube que crescia
como a origem vermelha da rosa,
sem que sejas, enfim,
sem que viesses brusca, incitante
conhecer a minha vida,
rajada de roseira,
trigo do vento,
E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos...
E por amor
Serei... Serás...Seremos...
Talvez - Pablo Neruda
terça-feira, novembro 21, 2006
Palavras
As palavras são um princípio, um meio ou um fim.
As palavras surgem do vazio, do fragmento, da profusão, da solicitude, do encontro, da fuga, da solidão, da união...
As palavras apresentam-se de formas previstas e aguardadas ou, pelo contrário, interpelam-nos inesperada e bruscamente. Elas são o peso ou a leveza, as amarras ou a liberdade. São personagens ou vozes secretas, reflexos dentro de espelhos invisíveis, emoções e pensamentos escritos na breve história de uma vida, num livro jamais editado.
E estas frases são um estreito encadear de palavras desembocado no constrangedor limite que me representa.
Mas pouco importa que esta matéria seja tão falível e redutora. Haverá sempre a minha vida para lá das palavras e um sentir para lá do racional...
sexta-feira, novembro 17, 2006
I cried for you
You're beautiful so silently
It lies beneath a shade of blue
It struck me so violently
When I looked at you
But others pass, they never pause
To feel that magic in your hand
To me you're like a wild rose
They never understand why
I cried for you
When the sky cried for you
And when you went
I became a hopeless drifter
But this life was not for you
Though I learned from you
That beauty need only be a whisper
I'll cross the sea for a different world
With your treasure, a secret for me to hold
In many years they may forget
This love of ours or that we met
They may not know
How much you meant to me.
I cried for you - Katie Melua
It lies beneath a shade of blue
It struck me so violently
When I looked at you
But others pass, they never pause
To feel that magic in your hand
To me you're like a wild rose
They never understand why
I cried for you
When the sky cried for you
And when you went
I became a hopeless drifter
But this life was not for you
Though I learned from you
That beauty need only be a whisper
I'll cross the sea for a different world
With your treasure, a secret for me to hold
In many years they may forget
This love of ours or that we met
They may not know
How much you meant to me.
I cried for you - Katie Melua
quinta-feira, novembro 16, 2006
segunda-feira, novembro 13, 2006
sexta-feira, novembro 10, 2006
Frémitos e flutuações
Este cristal, a que chamamos a esfera da vida, longe de ser frio e duro ao tacto é feito de uma frágil bolha de ar. Se a comprimir, rebenta. Qualquer frase que se extraia, inteira e intacta dessa esfera, é apenas uma enfiada de seis peixes que se deixaram apanhar enquanto milhões de outros peixes se me escapam entre os dedos e enchem a esfera com os seus frémitos de prata. (...)
E, no entanto, a vida é agradável, amena. Terça-feira vem depois de segunda. A seguir é quarta-feira. O nosso espírito desenvolve-se por anéis, a identidade fortalece-se e a própria dor é absorvida nessa sensação de contínuo crescimento. As válvulas de segurança do espírito abrem-se e fecham-se com intensidade crescente; a pressa e as febris sensações de juventude encontram a sua aplicação e tudo parece funcionar com a perfeição de um relógio. Com que rapidez a corrente da vida nos transporta de Janeiro a Dezembro!
Somos arrastados pela corrente das coisas, que se tornaram tão familiares que já não nos apercebemos da sua sombra. Flutuamos. Flutuamos, na superfície da corrente.
E, no entanto, a vida é agradável, amena. Terça-feira vem depois de segunda. A seguir é quarta-feira. O nosso espírito desenvolve-se por anéis, a identidade fortalece-se e a própria dor é absorvida nessa sensação de contínuo crescimento. As válvulas de segurança do espírito abrem-se e fecham-se com intensidade crescente; a pressa e as febris sensações de juventude encontram a sua aplicação e tudo parece funcionar com a perfeição de um relógio. Com que rapidez a corrente da vida nos transporta de Janeiro a Dezembro!
Somos arrastados pela corrente das coisas, que se tornaram tão familiares que já não nos apercebemos da sua sombra. Flutuamos. Flutuamos, na superfície da corrente.
Virginia Woolf, em As Ondas.
Imagem: Rasgadas pela luz - Paulo João (em Olhares.com)
terça-feira, novembro 07, 2006
Anjo
Spend all your time waiting
for that second chance
for a break that would make it okay
there's always one reason
to feel not good enough and
it's hard at the end of the day
I need some distraction
oh beautiful release
memory seeps from my veins
let me be empty and weightless
and maybe I'll find some peace tonight
in the arms of an angel
fly away from here
from this dark cold hotel room
and the endlessness that you fear
you are pulled from the wreckage
of your silent reverie
you're in the arms of the angel
may you find some comfort here
so tired of the straight line
and everywhere you turn
there's vultures and thieves at your back
and the storm keeps on twisting
you keep on building the lie
that you make up for all that you lack
it don't make no difference
escaping one last time
it's easier to believe in this sweet madness oh
this glorious sadness that brings me to my knees.
Angel - Sarah McLachlan
for that second chance
for a break that would make it okay
there's always one reason
to feel not good enough and
it's hard at the end of the day
I need some distraction
oh beautiful release
memory seeps from my veins
let me be empty and weightless
and maybe I'll find some peace tonight
in the arms of an angel
fly away from here
from this dark cold hotel room
and the endlessness that you fear
you are pulled from the wreckage
of your silent reverie
you're in the arms of the angel
may you find some comfort here
so tired of the straight line
and everywhere you turn
there's vultures and thieves at your back
and the storm keeps on twisting
you keep on building the lie
that you make up for all that you lack
it don't make no difference
escaping one last time
it's easier to believe in this sweet madness oh
this glorious sadness that brings me to my knees.
Angel - Sarah McLachlan
sexta-feira, novembro 03, 2006
Há Palavras Que Nos Beijam
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
Há Palavras Que Nos Beijam - Alexandre O' Neill
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
Há Palavras Que Nos Beijam - Alexandre O' Neill
quinta-feira, novembro 02, 2006
quarta-feira, novembro 01, 2006
Frágeis
If blood will flow when flesh and steel are one
Drying in the colour of the evening sun
Tomorrow's rain will wash the stains away
But something in our minds will always stay
Perhaps this final act was meant
To clinch a lifetime's argument
That nothing comes from violence and nothing ever could
For all those born beneath an angry star
Lest we forget how fragile we are
On and on the rain will fall
Like tears from a star like tears from a star
On and on the rain will say
How fragile we are how fragile we are
On and on the rain will fall
Like tears from a star like tears from a star
On and on the rain will say
How fragile we are how fragile we are
How fragile we are how fragile we are
Fragile - Sting
Imagem: Musician in the Rain - Robert Doisneau