Hoje
Tantas vezes as minhas palavras não rimam com as do mundo. Tantas vezes me sinto uma estranha neste globo humano em que vivo. Os anos já não decorrem com a lentidão dos meus tempos de meninice. Muito mudou. Muito permaneceu na mesma. Certos dias passam por mim como se daquela criança ainda se tratasse, um ser a desenvolver a mente e os sentidos, a olhar e a tactear a realidade e a nela descobrir maravilhas, mas também misérias humanas. Continuo a guardar no meu reduto interior segredos petrificados, palavras e sentimentos abrigados da incompreensão alheia. O nosso amor, guardo-o também, mas não encerrado no meu ser. Ele extravasa os limites da minha metafísica e ontologia. É ele próprio uma entidade com uma corrente vital e com uma força que me apraz conceber como a do mar, que a ambas nos fascina e que em ondas inunda as nossas vidas duma imensidão libertadora, também comungada pela poesia. É com as tuas que rimam as minhas palavras.Com elas escrevemos versos, com beijos selamos cada poema e o amor acontece. Hoje, tatuada na pele da alma, uma flor simboliza a intimidade dos afectos gerados pelo nosso amor. E ao peito trago a pedra mais preciosa da minha vida: amar-te e ser amada por ti.