segunda-feira, janeiro 29, 2007

Pausa

O poeta grego que comparou o homem às folhas que não duram,
quando o inverno lhes roubou a esperança de viver de acordo com
os seus desejos, não saiu esta tarde para o campo, nem viu o
corpo que se interpôs entre o sol e os arbustos, ofuscando
o céu com a sua brancura de nuvem primaveril. Perguntou,
no entanto, de que serve a vida, e para que serve a alegria,
se não existe, para além delas, o horizonte dourado do amor;
e afastou da sua frente o crepúsculo, dizendo que preferia
a madrugada, logo que o galo canta, para despertar com
o próprio dia. Esse poeta, que o pó dos séculos sepultou,
e não chegou a encontrar qualquer resposta para as suas
dúvidas, aconselhou os que o liam a que se divertissem,
antes que a morte os surpreendesse. E lembro-me, por
vezes, deste pedido, ao pensar que a memória de alguém
se pode limitar a uma pequena frase, nem que seja a mais
banal das sentenças, que nos vem à cabeça numa ou noutra
circunstância. Então, o poeta grego continua vivo; e esta
tarde, por trás dos arbustos, ouvi a sua voz no vento que
por instantes soprou, trazendo com a sua frescura o sentimento

que sobrevive a todas as estações de uma vida humana.

O que é a vida?, Nuno Júdice.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Porra ca pausa nunca mais binha...
Kisto ando um enjoo!

10:18 da tarde  
Blogger My Mind said...

"As aparências para a mente são de quatro tipos. As coisas ou são o que parecem ser; ou não são, nem parecem ser; ou são e não parecem ser; ou não são, mas parecem ser. Posicionar-se correctamente frente a todos esses casos é a tarefa do homem sábio."

Epictetus (Séc. II).

6:34 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Eu sei que tu sabes que eu sei que tu sabes,e tu sabes que eu sei

Mafaldinha ( séc.XX)

12:01 da manhã  
Blogger Unknown said...

O Que a vida? onde começa a vida? perguntas tão pertinentes...no tempo que corre...
Talvez esta vida precisasse de uma pausa...
um abraço

10:53 da tarde  

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