Das coisas simples
Acolhe-me no presente do teu regaço. Resguarda-me no calor tépido da tua pele, na madrugada acariciada por um lençol de ternura. Leva-me para junto do meu destino, que inadvertidamente acabará por se cumprir. Ensina-me a ver a claridade de um quarto nocturno que cega a distância entre os corpos e o tempo para além deles. Revela-me todas as formas sonhadas ou por inventar, de num mesmo instante reduzir a um único os fragmentos do nosso sentir. Assim, poderemos subsistir das coisas simples como o amor e a poesia. De tão simples que são, no âmago da complexidade da sua existência e na sua estrondosa beleza, que nos compelem a vivermos no ritmo diário de cada novo poema que de nós se aproxima - desconhecido de rosto familiar - e de que nada sabemos sobre o que nos trará, o que nos deixará, ou o que de nós levará.
Cai em mim um desmedido querer ser verso desse poema e tocar em ti, verso que por sua vez também me toca e, numa dança infindável, transforma as minhas palavras em bailarinas nuas, que, como conchas, nos revelam os murmúrios profundos do amor.
4 Comments:
Escreveu Marguerite Yourcenar:"o que existe entre nós é melhor do que o amor: é cumplicidade".
Indiscutivelmente, a cumplicidade nos uniu, nos une!
Prognose ou projecção do amor que nos tocou?
Não saberia dizê-lo...
Sei, porém, que o que existe entre nós é cumplicidade e é amor, irrelevando a relativização de que fala Yourcenar...
Abrimos o nosso peito no rasgo imperioso do amor; dele soltámos os nossos mais profundos sentimentos e nele criamos um lugar secreto para acolher o que as estações do amor e da vida fizessem germinar.
Amantes... cúmplices... já nem sei o que é atravessar o dia sem ti... já nem sei o que é cair na noite sem procurar a tua pele, que é também minha...
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