sábado, janeiro 13, 2007

A promessa

Vi-te antes de te olhar. Vejo os traços do rosto da tua alma; as linhas inscritas na tua pele; gotas de emoções que as percorrem, que te fazem vibrar o corpo e te resgatam a aparição da luz a desmaiar de prazer no teu peito. Vejo-te para além da interdição de revelações secretas. Vejo-te na sobreposição das certezas de quem ama, sobretudo isso, de quem te olha para além dos espelhos baços das aparências, de quem te fixou o perfil inacessível de pétalas vermelhas a caírem na meditação de um poema.
Os encontros físicos são formalidades dos corpos, apenas isso; concretizações de olhares e gestos. A existência que nos une transcende os limites desse universo, o limiar da rigidez do orgânico.
Deferente ao amor, ouso pousar nos teus lábios a promessa que me habita o silêncio da voz. A promessa que me precede o desejo crescente de te possuir na revelação de cada abraço que enlaça os nossos corpos, de cada suspiro que finalmente nos acolhe na exaustão – quais náufragos de barcos de palavras – e de cada longo beijo, onde rios invisíveis nos dão a beber a infinitude de nos amarmos.

2 Comments:

Blogger Simpa said...

Olá!
Se é este o estado de espírito a que se refere propício a ler o livro Sputnik, meu Amor, talvez a leitura a possa deixar triste... ou talvez não... mas vale a pena, de qq das formas. É um livro para ler com espírito aberto, deixando um pouco de lado o pragmatismo do que é material. Espero que goste.
Beijinhos

PS-ainda não é possível indicar-lhe como se coloca música no blog. O File Lodge, que serve de suporte para tal, está fora de serviço. Talvez encontre alguém que saiba fazê-lo de outra forma. Sorry :-(

1:07 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

As tuas palavras tocaram-me até à emoção das lágrimas.
Desesperadamente, quis ontem dizer-to...
Mas tu sabes: conheces tão bem o meu sentir!

2:42 da tarde  

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