sexta-feira, dezembro 29, 2006

Tempo


Certos anos passam por nós como rostos de mestres que nos deixam alguma lição de vida. Para a vida. Pronta para ser usada, sublinhada ou até rasurada (se as experiências sucedâneas assim o demandarem) a partir do primeiro instante em que essa mesma vida recomeça após a pausa dos ensinamentos, das reflexões, das aquiescências; pronta para, se assim optarmos (e pelo contrário), ser simplesmente guardada num diário de memórias ou restrita a uma galeria de arte no subterrâneo da mente, ou esquecida num bolso daquele casaco que nunca mais se vestiu.
Independentemente do transitório destino que lhe dermos, as lições que nos são entregues pelos nossos anos de vida são sujeitas à relatividade espaço temporal e à provável mutabilidade e erosão dos tempos. No fim, a brevidade sobrevoa a vastidão a que a vida se oferece e todos os anos que a compõem serão inexoravelmente parcos para preencher a nostalgia da última despedida, a impossibilidade do retorno às coordenadas que num ano ou mesmo numa dezena de anos, orientaram um percurso.
Também por isso, o tempo de vida é tão precioso. Porque ela é a breve passagem por frágeis pontes de viagens sem regresso; a união e a desunião de laços tecidos na imponderabilidade da existência, no extremo limite de sermos humanos; o clamor ouvido até aos confins da terra; a busca por fim atada aos braços da fadiga; a incompleta revelação no fundo dos espelhos; a dúvida que subsiste no âmago da certeza. E o tempo presente é a dádiva de vida que não devemos ignorar, nem desperdiçar, nem recusar.
E se, nas palavras do poeta, a felicidade pode ser a rua por onde passamos de vez em quando, dá-me a tua mão e acompanha-me sempre. Contigo lá passo. Atravessemos o tempo das nossas vidas por essa rua de luzes secretas, num desvio para a eternidade.

5 Comments:

Blogger Mente Assumida said...

Venho só desejar que o ano 2007 seja sinónimo de concretização.

Um abraço.

7:44 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Tu conduziste-me à rua de que fala o poeta, e pela qual há tanto já não passava...
Por isso, também, claro que te dou a minha mão! E juntas, lado a lado, mão na mão, faremos o percurso "por essa rua de luzes secretas, num desvio para a eternidade".
Porque só contigo esse caminhar faz sentido!

5:19 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Isto anda uma fartura de mel...
Dada o possivel obesidade com tanto mel, caminhar será dificil. O melhor é queimar calorias com actividades lúdicas .... com mel

11:51 da tarde  
Blogger My Mind said...

Mente corrosiva: Um comentário deste tipo - efectivamente corrosivo e carente da doçura do mel! - deveria ser precedido por uma adequada identificação da pessoa que o escreveu! Gosto de saber quem está desse lado.

Já agora, informo-te que não tenho problemas de obesidade, mesmo com esta fartura de mel! :)
Por isso, não precisavas de te dar ao trabalho de me aconselhar: "O melhor é queimar calorias com actividades lúdicas...com mel"!
De facto, tenho várias actividades lúdicas, com e sem mel, mas realizo-as por puro prazer!

12:34 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Para quem não se identifica, ter o duplo padrão não me parece adequado.
Ainda bem que tem actividades lúdicas com prazer. (O Freud explicava esse "PETIT RIEN" delicioso....)
Não se explique que "mostra" o que não quer .... ( CONSELHO DE AMIG@)

1:02 da manhã  

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