quinta-feira, outubro 26, 2006

Cúmplices

Tens toda a razão na recusa em chamar-lhe "letra". Sim, é um poema.
São poemas. Provavelmente já conheces este Cúmplices.
Especialmente dedicado a ti...

Cúmplices

A noite vem às vezes tão perdida
E quase nada parece bater certo
Há qualquer coisa em nós inquieta e ferida
E tudo o que era fundo fica perto

Nem sempre o chão da alma é seguro
Nem sempre o tempo cura qualquer dor
E o sabor a fim do mar que vem do escuro
É tantas vezes o que resta do calor

Se eu fosse a tua pele
Se tu fosses o meu caminho
Se nenhum de nós se sentisse nunca sozinho

Trocamos as palavras mais escondidas
Que só a noite arranca sem doer
Seremos cúmplices o resto da vida
Ou talvez só até o amanhecer

Fica tão fácil entregar a alma
A quem nos traga um sopro do deserto
O olhar onde a distância nunca acalma
Esperando o que vier de peito aberto

Se eu fosse a tua pele
Se tu fosses o meu caminho
Se nenhum de nós se sentisse nunca sozinho.

Mafalda Veiga

4 Comments:

Blogger Unknown said...

Há poemas que me tocam tanto, que me deixam sem palavras para sobre eles falar. Porque as palavras são sempre insuficientes ou inadequadas para traduzir o sentir...
Porque há poemas que nos afagam por dentro, nos conduzem ao sonho, e significam tanto, que parecemos projectados neles...
Cúmplices é, indiscutivelmente, um desses poemas!

Por isso: obrigada pelo poema, obrigada pela dedicatória.
Cúmplices...sem dúvida! ;)
um beijo

5:30 da tarde  
Blogger Mente Assumida said...

Ear candy:
Cúmplices, Mafalda Veiga, A Alma e a Pele (clicar para ouvir).

Abraço!

12:17 da manhã  
Blogger My Mind said...

j.: Acabei de me sentir duplamente projectada: primeiro no poema, depois nas tuas próprias palavras!:)

Imaginei que sim, que também te sentisses tocada por este poema da mesma forma que eu me sinto...
Afinal, pertencemos ao "clube dos espíritos errantes e sonhadores", não é assim?! :D
Beijos

5:52 da tarde  
Blogger My Mind said...

mente assumida: obrigada pela partilha da música!!:)
Uma melodia em consonância com este belo poema! Cumplicidades que nutrem a alma...e a pele, claro! (por isso mesmo, é ouvi-la até aos 90!:)
Abraço

6:12 da tarde  

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